Wuelyton Alvarenga dos Santos nasceu no Rio de Janeiro, em 1965, e seu destino estava traçado a ferro e fogo pelas mãos de orixás poderosos.
“Eu fiz escola técnica e me especializei em máquinas navais e trabalho no Arsenal da Marinha, mas não sou militar, sou civil mesmo. Trabalhar o metal não era segredo para mim. Ali aprendi o básico. O resto foi praticar. A técnica da forja em ferro e metais não-ferrosos eu mesmo desenvolvi e caiu em mim como um dom”, explica Wuelyton Ferreiro, nome pelo qual é conhecido.
Como encantamentos, suas peças merecem a mesma celebração e reverência de toda arte sacra documentada em museus e galerias do mundo inteiro. Elas extrapolam o erudito e o popular consagrado pela cultura ocidental e explodem nas raízes africanas mais profundas da identidade cultural brasileira.
“Sou candomblecista e há 18 anos pertencemos a uma casa aqui em São Gonçalo, e a nossa babalorixá precisava de uma peça e não tinha quem fizesse. Então fiz. E hoje faço ferros para comunidade de terreiro aqui no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia.”
Seu espaço de trabalho é pequeno, mas suficiente e muito bem protegido. A energia que dali emana é sagrada. Ferro, fogo, ar, água e terra parecem confraternizar pelas mãos do ferreiro, que aquece, dobra e resfria o ferro num ritual solitário e cheio de segredos. Suas peças são únicas e sem nenhum apelo comercial – que sempre tende a igualar e padronizar tudo – porque transmitem as tradições dos mitos nagô mais antigos, como que respeitando em sua feitura orientações diretas de cada orixá.
Wuelyton Ferreiro é ogã do Ilê Axé Oju Obá Ogô Odô, em Belfort Roxo (RJ), e mostrou ferros seus na Galeria Mestre Vitalino do Museu de Folclore Edison Carneiro, no Rio de Janeiro. No catálogo dessa exposição, Roberto Conduru, curador e professor do Instituto de Artes da UERJ, alertava que as peças de Wuelyton Ferreiro possuíam uma leitura cifrada: “Em verdade, muito, praticamente tudo, está evidente, mas nada é explícito. Além dos olhos e ouvidos abertos, é preciso ter os sentidos despertos e disposição para, humildemente, aprender a ler. Como o ferreiro, é preciso ter paciência, além de perícia e esperteza, na caça às formas significantes, ao domínio de tempo e espaço que pode levar à plenitude artística e, mais importante, à plena comunhão com os encantos e forças da natureza”.
WUELYTON FERREIRO
Ampliar foto Ampliar foto Ampliar foto
OSSÃE
Ferro, corrente e guizo de latão,
1,20 cm de altura
EXU
Ferro, 1,20 m de altura
OGUM
Ferro, 1,20 m de altura
Ampliar foto Ampliar foto
LOGUM EDÉ
Latão, cerca de 45 cm de altura
LOGUM EDÉ
Latão, cerca de 25 cm de altura.
Coleção Roberto Conduru
 
Rio de Janeiro
São Gonçalo
Nova Friburgo
Casimiro de Abreu
Visconde de Mauá
 
Região Norte
Região Centro-Oeste
Região Nordeste
Região Sudeste
Região Sul
Índice Remissivo e Endereços
Home
Capa do Livro
Produzido por:
Proposta Editorial

Fone:
(11) 3814 3536

e-mail:
info@proposta.com