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O pai de Maria Celeste Carvalho Neves foi prefeito de Florianópolis e toda a sua família tem uma tradição na política local. Certamente Maria Celeste não precisaria se preocupar com nada na vida.
Felizmente, a história não foi bem assim. Ela sempre foi muito observadora e aprendiz voraz. Desde pequena, aprendeu a bordar. “Eram jogos de cozinha, os bicos de prateleira, as roupas de boneca e assim por diante. Me formei professora primária e não gostei muito. Prestei concurso para a municipalidade e me casei em 1946. Um belo dia, não sei muito bem quando, resolvi bordar quatro quadros para dar de presente aos meus filhos. Bordei três favelas e uma marinha. Cenas que eu via por aqui. Eram lembranças minhas. Quando meu pai era prefeito, alugava charretes e aos domingos dávamos voltas pelos morros. Ele explicava tudo, íamos a todas as festas e por isso tenho boas recordações da minha vida. Meus painéis ou quadros são essas recordações. Estou resgatando tudo o que havia na ilha. As festas, as tradições, as paisagens que vi quando criança. O que mais me orgulha é que comecei a fazer isso aos 64 anos e hoje tenho mais de 520 obras produzidas.”
Maria Celeste nasceu em 1919 e ama Florianópolis. Seus quadros são simples, são bordados, são aplicações, montagens e um olhar tão especial para a paisagem local, que transborda história e tradições. São cenas que jamais poderiam ser revistas não fossem os quadros de Maria Celeste, pintados com retalhos, linhas, rendas e agulhas. |
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